domingo, 14 de novembro de 2010
Ilusão?
Cento e seis, ela acabara de contar. Cento e seis dias desde quando o conhecera.
Cento e seis dias? Agora ela estava ali parada, sem respirar, chocada com a constatação. Assistia de fora seu castelo desmoronando, mas uma vez, via seus sonhos indo embora em uma velocidade absurda.
Era final de um sábado frio em São Paulo, devia ser primavera, mas o inverno insistia em permanecer. Um daqueles dias com céu cinza, melancólicos, quando todo mundo sente saudade sabe-se lá do que. Ela sabia o que lhe fazia falta, sabia muito bem o motivo de tanta ausência.
Algo parecia fora do lugar, tudo se resumia a uma estranha sensação de estar sem chão. Uma tristeza a invadira nos últimos dias. Aquele riso, aquela sensação de borboletas no estomago, aquela espera doida só que ainda assim cheia de alegria e esperança, deram lugar ao choro baixinho, ao gosto de sal. Já havia conversado tanto, reuniu tantas opiniões, buscou respostas, encontrou novas perguntas, andou em círculos. Chegou a conclusões que não queria.
Não havia a menor possibilidade de se acostumar com a dureza dos fatos, com a certeza de que por mais grandiosa que fosse sua dor o mundo não pararia. O mundo seguiria seu curso, amanhã iria amanhecer da mesma maneira, o sol ia chegar, os pássaros iam cantar, amantes continuariam se encontrando, amigos continuariam sorrindo, crianças brincando, o arco Iris teria as mesmas cores... Tudo estaria no mesmo lugar.
Só ela continuaria sem o seu pedaço mais feliz, sem o seu sorriso mais bonito.
Ilusão. Doce ilusão de uma vida que segue o seu curso.
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Um comentário:
106 dias desde quando conheceu quem?
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