sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tranquilidade, uma quimera


A garota agora vai longe, o caminho é novo, tantos ônibus, caminhada, uma nova “amizade” a cada dia, na verdade, só conversas jogadas fora, para o tempo passar mais rápido enquanto aquele ônibus, o mais demorado, o mais lotado, não chega.
O sonho ainda era o mesmo, era isso, só isso que a movia até lá, o bairro chique, de gente abonada, de um Porche a cada esquina, de ruas arborizadas que dava a vontade de viver lá, o resto dos dias. Nasceu um novo sonho. O prédio com a maior varanda, o carro na garagem.
Acabara de viver uma semana com cara de primavera, cheia de coisas, mas com uma calmaria tão surpreendente, tão diferente de algumas semans atrás, estava cansada sim, mas sentia um cheiro novo no ar. Tudo aconteceu depois daquele show, depois da bela moça, tão miúda, tão admirada. Como é possível agradar a tanta gente? Como se fazer reconhecida e aceita por uma multidão? Se questionou, até invejou.
Sonhar e realizar, foi isso que ouviu aquela noite. Talvez, esteja ai a chave, um sonho de cada vez, realizar um e só assim começar o outro. Ela nunca testou, tem a péssima mania de querer tudo junto, misturado, tudo de imediato, sempre querendo beber o mundo em um gole só.
Chega de atropelos. Paciência com a vida. Organização. Prioridades. Hora de deixar mais um pedacinho da mulher aparecer, aflorar. Quando se bebe tudo em um único gole, logo o gosto some da boca, melhor saborear, viver cada gole, sentir cada passo. Ser feliz hoje, por beber um golinho do rio que passa perto da cabana e não infeliz por existir um oceano inteiro que ainda não se deu um único gole.