Parecia tão sem propósito telo em suas mãos agora, sentir seu cheiro, seu textura, seu peso...
Capa dura, solida, cores claras, deixa explicito que era possível “pescar” respostas.
Durante esse tempo todo, o “livro das perguntas” em sua cabeceira foi o que a manteve tão próxima dele, foi o que fez tudo parecer tão palpável.
Uma sensação estranha e boa, a de pensar que entravam na cabeça dela as mesmas palavras que entravam na dele, as mesmas perguntas, os mesmos sentimentos.
Lembrava daquela noite em que ele lera trechos do livro para ela, tantos sorrisos, tantos suspiros. Na manhã seguinte ela precisava daquele livro como o ar que respirava.
Era tão vazio pensar nisso agora, respostas diferentes para as mesmas perguntas. Agora tanto faz.
Era como acordar de um sonho bom. Ainda bem que sempre existem novos sonhos.
“Não é melhor nunca que tarde?” – Livro das Perguntas
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
Ilusão?
Cento e seis, ela acabara de contar. Cento e seis dias desde quando o conhecera.
Cento e seis dias? Agora ela estava ali parada, sem respirar, chocada com a constatação. Assistia de fora seu castelo desmoronando, mas uma vez, via seus sonhos indo embora em uma velocidade absurda.
Era final de um sábado frio em São Paulo, devia ser primavera, mas o inverno insistia em permanecer. Um daqueles dias com céu cinza, melancólicos, quando todo mundo sente saudade sabe-se lá do que. Ela sabia o que lhe fazia falta, sabia muito bem o motivo de tanta ausência.
Algo parecia fora do lugar, tudo se resumia a uma estranha sensação de estar sem chão. Uma tristeza a invadira nos últimos dias. Aquele riso, aquela sensação de borboletas no estomago, aquela espera doida só que ainda assim cheia de alegria e esperança, deram lugar ao choro baixinho, ao gosto de sal. Já havia conversado tanto, reuniu tantas opiniões, buscou respostas, encontrou novas perguntas, andou em círculos. Chegou a conclusões que não queria.
Não havia a menor possibilidade de se acostumar com a dureza dos fatos, com a certeza de que por mais grandiosa que fosse sua dor o mundo não pararia. O mundo seguiria seu curso, amanhã iria amanhecer da mesma maneira, o sol ia chegar, os pássaros iam cantar, amantes continuariam se encontrando, amigos continuariam sorrindo, crianças brincando, o arco Iris teria as mesmas cores... Tudo estaria no mesmo lugar.
Só ela continuaria sem o seu pedaço mais feliz, sem o seu sorriso mais bonito.
Ilusão. Doce ilusão de uma vida que segue o seu curso.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Deixa...
Sem saber a esperança continuava viva dentro dela, mas precisava perguntar, tinha que organizar as coisas, mas sinceramente ela não queria ouvir a resposta. É mulher, sempre sabe quando algo não vai dar certo. Adora se enganar, gosta de insistir em um caso que parece perdido, é otimista demais. É isso mesmo, quando todos desistem porque a fila não está andando, ela continua ali, sempre acreditando que uma hora vai andar, uma hora vai dar certo... Ela acredita tanto e isso me cansa, estou cansada de dizer para ela abrir os olhos, ela precisa enxergar os fatos, mas ela me escuta? Ela não escuta ninguém...
Aquela voz ao telefone, como ela se sentia feliz, adorava imaginar ele sorrindo, ele falando, quase podia sentir o seu perfume, claro, ela perdia tanto tempo pensando nisso.
Tristeza na voz, não tinha como disfarçar, não conseguiu conter as lagrimas. A resposta. Ela se sentia totalmente impotente diante da situação, não tinha com sanar a sua dor. Como pode se entregar assim? Eu me questiono, mas para ela, é normal, é bonito, é poesia.
Chorou. Chorou. Chorou. Esqueceu das horas, esqueceu dos compromissos, esqueceu que tinha uma vida inteira esperando lá fora. Só queria sentir logo aquela dor, sentir até o fim, sentir até não agüentar mais, para assim acabar de uma vez. Ela insistia em tentar encontrar uma solução. Ocorriam-lhe as idéias mais absurdas, as mais lindas loucuras.
Desde o inicio eu disse para ela desistir, eu disse para ela não acreditar, não se entregar, pra lutar contra, não seria mesmo difícil lutar contra algo que nunca existiu em sua vida. Ela nunca me escuta. Desisti de falar. Ela acha que não pode existir nada mais verdadeiro dentro dela, acredita que é real, acredita que agora ninguém mais ira lhe fazer feliz. Deixa, deixa ela seguir em frente, ela diz ser forte, acha que agüentar a dor, então deixa...
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